Conjunto do Fontelo

O atual Parque do Fontelo ocupa uma área ampla situada no quadrante Este da cidade de Viseu e constitui o mais importante espaço verde do aglomerado urbano. Este espaço foi, na sua origem, uma propriedade da igreja que, após o século XVI, integrava uma Mata, uma área agrária, o Paço episcopal e o jardim a este associado.

As primeiras referências ao Fontelo datam do século XII, quando se faz a doação de uma herdade no Fontelo à diocese de Viseu. Embora exista uma notícia de que o bispo D. Egas vivia no Fontelo em 1309, o início da construção do Paço ocorreu em 1399, no tempo do bispo D. João Homem. Seguiram-se outras intervenções menores, mas foi sobretudo na segunda metade do século XVI que o bispo D. Miguel da Silva levou a cabo um conjunto de importantes obras no Paço.

É neste momento que se constroem jardins de recreio, fontes de repuxos, gaiolas de grande dimensão para pássaros exóticos e se começou a erguer o muro exterior que viria a cercar a propriedade. Em 1540, D. Miguel da Silva, perseguido pelo rei D. Afonso III, parte para Roma, o que ditou o abandono do Paço e da Quinta. Mas na segunda metade do século XVI, o bispo D. Gonçalo Pinheiro veio residir no Fontelo, assegurando a sua conservação. Na sua vigência realizou obras de conservação e restauro no jardim, comprou terrenos adjacentes e concluiu o muro que cercaria a propriedade. Mandou ainda plantar e estruturar a Mata, construir a capela de S. Jerónimo e abrir uma avenida de acesso ao Paço ladeada por árvores.

Entre o último terço do século XVI e o final do século XIX, conhecem-se várias menções a obras e alterações no Fontelo. Mas a partir de 1834, o Paço do Fontelo entra num progressivo processo de abandono. Em 1912 a fruição do Paço e da Quinta foi retirada à Igreja, na sequência da Lei da Separação do Estado das Igrejas e após negociações entre o Governo e a Câmara Municipal de Viseu, a Mata e o Jardim do Fontelo foram cedidos para “passeio público e recreio da Cidade”. O espaço foi aumentado com terrenos da quinta anexa, dando origem ao Parque do Fontelo que, desde então, conheceu diversas alterações. Algumas das mais importantes são da responsabilidade do Capitão Almeida Moreira que, entre finais dos anos 20 e inícios dos anos 30 do século XX, foi o vereador responsável pelo Parque e espaços ajardinados da cidade. Data dessa fase a instalação de mobiliário revestido de azulejos (bancos, fonte, etc.) e a instalação da glória a Grão Vasco (1932).

O Fontelo constituiu-se então como o maior espaço verde público da cidade e foi utilizado para implantação de importantes equipamentos de lazer e desporto, como o Estádio do Fontelo, as piscinas municipais, campos de futebol, basquetebol e ténis, um pavilhão multiusos e um parque infantil. Junto ao antigo Portal do Fontelo constitui-se a sede do Instituto Português do Desporto e da Juventude.

A 15 de Setembro de 1990 celebrou-se um Protocolo entre o Estado e a Câmara Municipal de Viseu, no qual se assegura a cedência do conjunto do Fontelo a título definitivo, possibilitando a recuperação do Paço Episcopal e a utilização dos terrenos cedidos para o alargamento do Parque Municipal do Fontelo e a instalação de equipamentos sociais, desportivos e de recreio.